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Para Refletir:

" Se pudéssemos ter consciência do quanto a nossa vida é passageira, talvez pensássemos duas vezes antes de jogar fora as oportunidades que temos de ser e de fazer os outros felizes !!! "

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Professores Apaixonados


Professores e professoras apaixonados acordam cedo
e dormem tarde, movidos pela ideia fixa que podem mover o mundo.
Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar:
estão preocupados com as múltiplas fomes que, de múltiplas formas,
debilitam as inteligências.

As professoras apaixonadas descobriram que há homens
no magistério igualmente apaixonados pela arte de ensinar,
que é a arte de dar contexto a todos os textos.
Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados,
um grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de
romantismo barato.
Apaixonar-se sai caro!

Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam
o silêncio comodista, dão carona para os alunos que moram mais
longe do conhecimento, saem cantando o pneu da alegria.
Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço
de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via
do contraste, o absurdo que é viver sem paixão,
ensinar sem paixão.

Dá pena, dá compaixão ver o professor desapaixonado,
sonhando acordado com a aposentadoria, contando nos dedos
os dias que faltam para as suas férias, catando no calendário
os próximos feriados.

Os professores apaixonados muito bem sabem das dificuldades,
dos desrespeitos, das injustiças, até mesmo dos horrores
que há na profissão.
Mas o professor apaixonado não deixa de professar, e seu protesto
é continuar amando apaixonadamente.

Continuar amando é não perder a fé, palavra pequena que não se
dilui no café ralo, não foge pelo ralo, não se apaga
como um traço de giz no quadro.
Ter fé impede que o medo esmague o amor, que as alienações
antigas e novas substituam a lúcida esperança.

Dar aula não é contar piada, mas quem dá aula sem humor
não está com nada, ensinar é uma forma de oração.
Não essa oração chacoalhar de palavras sem sentido,
com voz melosa ou ríspida.
Mera oração subordinada, e nada mais.

Os professores apaixonados querem tudo.
Querem multiplicar o tempo, somar os esforços,
dividir os problemas para solucioná-los.
Querem analisar a química da realidade.
Querem traçar o mapa de inusitados tesouros.

Os olhos dos professores apaixonados brilham quando,
no meio de uma explicação, percebem o sorriso do aluno que
entendeu algo que ele mesmo, professor, não esperava explicar.
A paixão é inexplicável, bem sei.
Mas é também indisfarçável.

Esse texto é de autoria de Gabriel Perissé (Mestre em Literatura
Brasileira pela FFLCH-USP e doutor em Filosofia da Educação
e doutorando em Pedagogia pela USP).

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